sábado, 22 de janeiro de 2011

Obras de Fernando Pessoa no Museu da Lígua Portuguesa

Exposição mostra a multiplicidade da obra do poeta que foi capaz de se reinventar por meio de seus heterônimos
Em Fernando Pessoa, plural como o universo, o público tem a oportunidade de conhecer, ou reconhecer, algumas das personas do poeta português, que se revelam nos versos assinados por seus heterônimos – personagens-poetas com identidade própria – e por Pessoa, “Ele-mesmo”, e a observar a interação entres esses e outros vários personagens literários criados, simultaneamente, ao longo de seus 47 anos de vida. Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith e projeto cenográfico assinado por Helio Eichbauer, a exposição mostra toda a multiplicidade da obra de Pessoa e pretende conduzir o visitante a uma viagem sensorial pelo universo do poeta, fazendo-o ler, ver, sentir e ouvir a materialidade de suas palavras.

Essa é a primeira vez que o Museu da Língua Portuguesa abriga uma exposição sobre um autor português. Depois de homenagear grandes nomes da literatura brasileira, como Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Machado de Assis, o Museu apresenta a vida-obra ou obra-vida do poeta, autor do verso “Viver não é necessário; o que é necessário é criar”, por meio de textos, imagens e vídeos. O visitante tem a chance de ver algumas raridades, como a primeira edição do livro Mensagem, único publicado por ele em vida, e os dois números da revista Orpheu, um marco do modernismo em Portugal.

Para Carlos Felipe Moisés, um dos curadores, não é necessário conhecer previamente a obra do poeta para visitar a exposição. “Nosso propósito básico é levar Fernando Pessoa à vida do cidadão que não o conhece, e que, portanto, encontrará uma linguagem acessível, e àqueles que já estão familiarizados com seus versos, que terão a chance de descobrir aspectos e conceitos novos”. Moisés acredita que basta conviver com a obra de Pessoa para entendê-la. E afirma que isso deve ser feito em etapas para melhor assimilá-la. “Nossa intenção é provocar o público, fazer com que as pessoas fiquem intrigadas, inquietas e voltem para perceber a exposição de outras formas”. Segundo o também curador Richard Zenith, “a ideia é que essa relação também se estenda para fora dos domínios do Museu e seja atraente para os mais diferentes públicos”. Zenith espera que o visitante saia de lá disposto a ler e pesquisar sobre Pessoa.

Durante o percurso da exposição Fernando Pessoa, plural como o universo, o visitante entrará em contato com os versos de Alberto Caeiro, o “poeta da natureza”; Ricardo Reis, médico e discípulo de Caeiro; Álvaro de Campos, um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa; Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego e considerado pelo próprio Pessoa um semi-heterônimo porque, como seu próprio criador explica, "não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade’; e de Pessoa, “Ele-mesmo”, considerado pelo próprio um ortônimo, em tom de ironia. Estarão expostos também poemas de heterônimos menos conhecidos e de algumas de suas personalidades literárias, como o Barão de Teive, o prosador suicida.

A exposição Fernando Pessoa, plural como o universo ficará em cartaz até o dia 30 de janeiro de 2011 e é uma realização da Fundação Roberto Marinho e do governo do Estado de São Paulo através do Museu da Língua Portuguesa (administrado pela Organização Social de Cultura Poiesis), com patrocínio da Rede Globo, do Itaú, do Banco Caixa Geral - Brasil e da Fundação Calouste Gulbenkian e apoio do Consulado Geral de Portugal, em São Paulo, da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, do Centro Cultural dos Correios, do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Exposição Fernando Pessoa, plural como o universo
Até 30 de janeiro de 2011
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº, Centro
Tel.: (11) 3326-0775
www.museudalinguaportuguesa.org.br

Fonte: Secretaria de Cultura